quinta-feira, 21 de maio de 2009

VOZ E FALA - COMPANHEIRAS DO BOM COMUNICADOR


Por: Marisa S. Viana

Para início de conversa, é importante diferenciar voz e fala. A primeira refere-se ao som resultante da vibração das pregas vocais, vibração essa que pode produzir o som do choro, da risada, da voz infantilizada, voz fina, grossa, forte, rouca e tantas outras conforme forem as condições de sua produção, ou mesmo, conforme forem as emoções – há quem diga que temos tantas vozes quanto forem nossas emoções.... Já a fala refere-se à articulação dos sons, assim pode-se falar até sem voz, o que ocorre quando se cochicha. A fala pode ser bem articulada conferindo credibilidade, ou pode ser produzida com movimentos imprecisos dos lábios ou língua, dificultando a comunicação com o ouvinte. A boa qualidade de ambas, fala e voz, é fundamental para aqueles que valorizam ser bem interpretados quando falam.
Vários profissionais têm a voz e fala como instrumentos de trabalho.. Dentre estes podem estar os professores, locutores, cantores, pastores, padres, palestrantes, dentre outros. Como bons comunicadores podem perceber que voz é mais que som, “voz é tato a distância”. A qualidade vocal do falante pode favorecer ou não o contato, ser um convite a ouvir o que está sendo falado ou pode afastar o ouvinte do processo de comunicação. As habilidades vocais do comunicador, sua saúde vocal, podem dar a ele liberdade de expressão, permitir que expresse o que as simples palavras não dizem. Por sua vez, a “voz que falha”, a voz debilitada, pode constituir um impedimento significativo no processo de falar e ser compreendido.
Se cuidados necessários não forem tomados, tais profissionais podem apresentar cansaço ao falar, voz rouca e com pouca projeção, chegando, às vezes a desenvolver lesões nas pregas vocais (nódulo ou calo). Com grande freqüência, fazem uso vocal sem o devido preparo prévio, utilizando voz com intensidade aumentada, com altura mais agudizada, durante muitas horas ao dia. Geralmente, o padrão vocal destes profissionais é adquirido intuitivamente, por falta de informação no período de formação ou no decorrer de sua atuação profissional. Com raras exceções, desconhecem os hábitos vocais saudáveis, que previnam o surgimento de alterações e doenças. Dessa forma, os profissionais requerem uma atuação profilática, que utilize técnicas que melhorem o desempenho de seu aparelho fonador, e conseqüentemente melhorem sua performance. Para isto, alguns cuidados são necessários. Aí vão as dicas, possivelmente esperadas pelo leitor que bem entende o que estou dizendo...
Sua voz deve ter o volume necessário para ser ouvida confortavelmente. A Voz muito alta é invasiva, não dá ao ouvinte a liberdade de escolha para ouvi-lo, ou não.
Evite falar por muito tempo seguido, lembre-se que somos dotados de dois ouvidos para uma boca.
Tenha o hábito de tomar água antes e durante a fala. Essa hidratação além de ser importante para todo o corpo, auxilia na vibração das pregas vocais, produzindo uma voz com menor esforço.
Quer saber um inimigo da voz? O cigarro, fumado ou aquele em que se acompanha alguém fumando, pois provoca irritação nas pregas vocais, além de doenças de complexidade maior.
Como última recomendação: se perceber algum dos sintomas de mau uso vocal citados, procure um especialista que possa orientá-lo melhor. Ou ainda, procure –o para que possa desenvolver seu potencial vocal, de forma que sua voz e fala sejam seus aliados para impressionar nas suas relações pessoais e/ou profissionais.

Marisa de Sousa Viana Jesus
- Fonoaudióloga clínica atuando na Aprendizagem e Cia
- Mestre e Doutoranda em Lingüística pela Universidade Federal de Minas Gerais
- Professora do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Izabela Hendrix
- Professora do Curso de Especialização em Motricidade Orofacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
- Fonoaudióloga do Centro de Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais - CENTRARE (PUC Minas/Hospital da Baleia).

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