domingo, 19 de abril de 2009

PEI: Uma nova proposta de intervenção na Dislexia e Síndrome de Irlen


Por: Suely Mesquita

A dislexia é uma dificuldade que está relacionada com a percepção do texto escrito. Podemos dizer então que a primeira tarefa de um bom leitor diante do texto é a do tipo perceptivo ou sensorial, ao extrair informação do texto escrito, através do reconhecimento da palavra escrita (decodificação) e sua análise lingüística. A percepção visual do texto relaciona-se com os movimentos sacádicos e as fixações do olho. Então a leitura está relacionada com a percepção visual que é a capacidade de retirar informações, conhecimento do mundo visível.(Martins, .Por outro lado, numa abordagem psicolingüística, a dislexia é uma dificuldade na aprendizagem da leitura relacionada ao reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos (grafema) e o fonema e a transformação dos símbolos gráficos em linguagem verbal.
Com a descoberta da Síndrome de Irlen cujo foco está no processamento visual e sensibilidade à luz, podemos ter mais uma ferramenta ao nosso dispor para amenizar as dificuldades desses leitores quando do uso do overlay ou dos filtros espectrais.
Mas para os profissionais que acompanham essas pessoas fica a dúvida: como intervir para torná-las mais eficientes em sua vida acadêmica?
No atendimento psicopedagógico tenho tido resultados significativos com o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI). Trata-se de uma nova tecnologia pedagógica e psicológica, inovadora, criada pelo Prof. Dr. Reuven Feuerstein em Israel que proporciona aos indivíduos uma melhor relação com a aprendizagem.
“Não sabe se organizar”, “é desatento”, “começa e não termina uma tarefa”, “é impulsivo”, “tem boas idéias mas não consegue colocá-las no papel”, “estuda mas não consegue tirar boas notas na escola”, “não compreende o que lê” sem falar na auto estima comprometida. Essa é uma realidade que encontramos quando se trata de pessoas com dificuldades de aprendizagem.
A proposta do PEI é ensinar o indivíduo a pensar sobre os próprios processos e assim ganhar autonomia. É aprender como aprender. Na experiência do consultório atendo vários pacientes que usam os filtros espectrais e apresentam dislexia. O foco do trabalho está em desenvolver e aprimorar as operações mentais que mais atrapalham essas pessoas, são elas: o trabalho com mais de uma fonte de informação, análise e síntese, o controle da impulsividade, representações mentais, precisão e exatidão na coleta de dados, orientação espaço-temporal, dentre muitas outras ( Gomes, 2002). E a mais importante delas: o sentimento de competência.
Segundo Erica Werber, “o uso dos filtros e o PEI modificaram minha vida, agora não tenho medo de enfrentar desafios... em pouco tempo, já consegui ler dois livros com um nível de compreensão que não tinha antes!” (sic.). Já Rafael Horta sente-se mais seguro na escola, passou a gostar de ler e as notas melhoraram. Ainda não terminou o programa mas a diferença já é perceptível pela família e pela escola !!
Essas pessoas tornaram-se conscientes de suas dificuldades e de seus processos e passaram a criar novas estratégias para melhorar seu conhecimento e elevar seu sentimento de competência – muitas vezes comprometido pelo fracasso escolar ou profissional.
Nas palavras do Prof. Feuerstein: “Educar é uma aposta no outro”. Por isso o PEI precisa ser conhecido nas escolas e clínicas para que a Educação ganhe um novo olhar sobre o processo de aprendizagem e a hora de começar é agora !!

Suely Mesquita
Mediadora do PEI pelo ICELP – Israel
Psicopedagoga Clínica e Institucional do Hospital de Olhos
Psicopedagoga da aprendizagem & Companhia
Suelymesq@gmail.com

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